Argumento dedutivo
O que é um argumento dedutivo
Um argumento dedutivo é aquele no qual a conclusão se segue necessariamente das razões ou premissas. Isso quer dizer que, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão também será verdadeira, pois não existe a menor possibilidade de que seja falsa. Esse é o tipo mais forte de argumento que existe, porque se aceitamos as premissas, também temos que aceitar a conclusão.
Esse é um exemplo clássico de argumento dedutivo:
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Sócrates é mortal.
É impossível que a conclusão de que Sócrates é mortal seja falsa se as premissas forem verdadeiras. Ou seja, se todos os homens são mortais e Sócrates é um homem, ele também deve ser mortal. Negar isso seria cometer uma contradição.
É comum dizer dos argumentos dedutivos que a conclusão já está contida, de maneira implícita, nas premissas. Ao tirarmos uma conclusão de forma dedutiva, o que estamos fazendo é tornar explícita a informação já presente nas premissas. Considere mais uma vez o exemplo acima. A conclusão “Sócrates é mortal” já estava presente, de forma subentendida, na informação contida nas premissas do argumento.
O que define um argumento dedutivo de forma inconfundível é o fato de ser o único tipo de argumento que gera certeza absoluta ou, como se diz na lógica, que a conclusão é necessária. Os demais argumentos, tais como argumentos por analogia, indutivos, de autoridade e outros, são argumentos cujas premissas justificam apenas com certa probabilidade a conclusão. Porém, mesmo tendo premissas verdadeiras, as conclusões desses argumentos ainda podem se mostrar falsas. O mesmo não acontece com os argumentos dedutivos.
Significado de “deduzir”
É comum ver a palavra “deduzir” sendo usado em diferentes situações cotidianas. O dicionário atribui o seguinte significado a ela “concluir (algo) pelo raciocínio, inferir”. Nesse sentido, falamos que uma pessoa deduziu que seu telefone, que não é a prova de água, deixaria de funcionar, porque cai na piscina.
Esse é o uso mais conhecido de “deduzir”, mas, como já deve ter notado, quando falamos em “argumento dedutivo” estamos dizendo outra coisa com “dedutivo”.
Assim, no uso comum, “deduzir” significa “tirar uma conclusão”. Na lógica, “deduzir” significa “tirar uma conclusão que é necessariamente verdadeira se as premissas forem verdadeiras”.
Usos de argumentos dedutivos
Existem algumas formas mais comuns de argumentos dedutivos que é importante conhecer para entender em que situações esse tipos de argumento é usado e como reconhecê-lo. Vamos explorar três delas: argumentos baseados na matemática, em definições e silogismos.
Argumentos baseados na matemática
Argumentos baseados na matemática são aqueles que operam com cálculos aritméticos ou geométricos. Assim, matemática é um tipo de conhecimento exato que usa com bastante frequência em suas demonstrações argumentos dedutivos. Além disso, ao raciocinarmos sobre questões matemáticas, geralmente fazemos deduções. Por exemplo, se sai que na turma tem 25 alunos, fico sabendo que entraram mais 5 aluno e concluo que a turma terá 30 alunos, estou fazendo um raciocínio dedutivo. Minha conclusão é necessariamente verdadeira, pois se segue da soma de 25 e 5.
Argumentos baseados em definições são aqueles cuja conclusão é inferida a partir do significado de uma frase ou palavra usada nas premissas. Um exemplo interessante desse tipo de argumento dedutivo pode ser encontrado na filosofia. Muitos filósofos procuraram produzir provas da existência de Deus a partir de uma análise pura do significado dessa palavra e assim oferecer uma argumento dedutivo para justificar sua existência.
O argumento pode ser resumido da seguinte maneira: Deus significa, entre outras coisas, “ser perfeito”. Para algo ser perfeito, é necessário que exista, do contrário seria imperfeito. Portanto, é necessário que Deus exista.
Esse é um argumento dedutivo pois a conclusão depende unicamente do significado da palavra “perfeito” e “Deus”. Se concordamos com os significados atribuídos a essas palavras nas premissas, ou seja, que “Deus é um ser perfeito” e “algo perfeito necessariamente existe”, então temos que aceitar a conclusão de que “Deus existe.”
Por fim, silogismos são argumentos dedutivos com duas premissas e uma conclusão. O seguinte argumento é um exemplo:
Se venta muito, então faz frio.
Se faz frio, então fico resfriado.
Se venta muito, então fico resfriado.
Esse tipo de argumento é estudando desde Aristóteles e é um dos principais tópicos estudados pela lógica.
Referências e leitura adicional
Para conhecer mais sobre tipos de argumentos, veja os artigos Argumento de autoridade, Argumento indutivo e Argumento por analogia. Para uma análise mais aprofunda, sugerimos a leitura de Lógica Informal, um livro de Douglas Walton. Esse é o livro mais abrangente em português sobre o assunto e é ele que usamos como referência para a produção desse texto.
Douglas Walton. Lógica Informal: manual de argumentação crítica. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.